E lá vou eu mais uma vez tentar condensar quilos de ideias (sem acento, agora, né) em poucas linhas de texto (ou não). Sério, se pensamento pesasse, minha balança explodiria a cada vez que eu subisse nela. Mas não exageremos: nem tenho muita reflexões a serem feitas hoje. Só elogios. Acho.
Há anos que ouço falar de “As Brumas de Avalon”, série literária de Marion Zimmer Bradley. Há muito anos mesmo, desde que eu era pequena suficiente para achar que era somente o nome de um filme e confundi-lo com “As Bruxas de Salém”.
Há uns dois ou três anos, li Avalon High, de Meg Cabot. E achei super fuderoso, algo que realmente me agradou à beça e despertou meu interesse na lenda do Rei Arthur. Até então, o único contato que eu tivera com a história fora com o desenho da Disney, “A Espada Era a Lei”, mesmo. Ou seja, nada, praticamente.
Depois de terminar Avalon High, eu percebi que todo esse Lance de Lancelote (que trocadilho ridículo, meu Deus), Artur, Guinevere, enfim, dessa negada toda, era completamente desconhecido de minha pessoa, e que eu precisava mudar isso urgentemente, para então ler novamente o livro, entendendo-o mais a fundo.
Começou, então, minha busca do saber. Comecei a ler alguns textos pela internet (Wikipédia: a salvação) sobre o “período arturiano,” mas nada que fosse completo ou que, de fato, me satisfizesse. Eu queria mais: queria um livro, ou uma série destes, que me contasse tim-tim por tim-tim do que aconteceu. Não do que aconteceu, porque é uma lenda, mas, ah, vocês entenderam.
Passei um tempo pesquisando algumas obras sobre o assunto em livrarias on-line, mas não vi nada que me agradasse, que fosse definitivo. Cheguei até a passar por “Brumas”, mas o fato de ser narrado do ponto de vista feminino, pelas personagens mulheres da história, fez com que eu desse menos credibilidade à série. Até hoje me pergunto como eu, feminista como sou, posso ter pensado algo desse nível. Burra, burra, burra.
Acabei deixando tudo de lado. A vida é corrida, e outras coisas foram tomando o lugar desta em meus pensamentos.
Até que um dia, no colégio, uma colega minha me contou que descobriu uma super promoção no site Submarino: todos os livros da séria “Brumas” por vinte reais. Não, não cada um deles por vinte. Todos por vinte. Como grande fã, ela não pensou duas vezes antes de adquirir os quatro. E me avisou, porque pensou que eu já tivesse lido. Achei aquilo bem bacana, mas nada dentro de mim se acendeu, nem o desejo consumista de comprar quatro livros por vinte reais nem o desejo de conhecimento, para enfim ler um livro sobre Artur e Cia. Realmente, às vezes eu não me reconheço, rs.
Até que (outro) um dia, um colega nosso pediu emprestada a série a essa minha amiga, que levou o primeiro livro para escola. Não sei como, nem porque, o livro veio parar em minha mesa. Eu estava entediada, sem fazer nada, e resolvi pegá-lo para dar uma olhadinha inocente.
E então aconteceu. Se você já se apaixonou, sabe como é. Não por uma pessoa, não, isso é bem maior: é o momento mágico no qual você começa a ler um livro e ele de repente parece começar a brilhar, a pesar, a soar, como música. Que romântico isso, até chorei. Mentira, chorei não.
Enfim, eu fui lendo, fui lendo, fui lendo e, ai meu Deus. É emoção, é vibração, é tudo. Ao começar, estranhei, porque, como pude perceber mais tarde, antes de começar a contar a história da época do Rei Artur, propriamente dita, o livro nos apresenta gente que veio antes dele e que foi essencial para que sua lenda acontecesse.
(Uma pequena nota: olha a quantidade vírgulas que tem no parágrafo acima. Tudo culpa da Marion! Fico besta como eu pego o estilo de escrita do autor que eu esteja lendo no momento, impressionante, cara.)
Enfim, nos tempos de aula que fiquei com o livro de minha colega, li até a página cinquenta, ou algo assim, e já fora tocada pelo dilema de Igraine, já ficara puta com o poder persuasivo de Viviane e já reconhecera o primeiro elemento dali que me era familiar, o Merlin Taliesin. Mas o que mais me chamara atenção (e o que mais me agradou, mais tarde) foi o que anteriormente tinha me afastado a vontade de ler a série: a narração feminina. Achei que, vendo através dos olhos das mulheres da história, perderia os principais lances (olha o trocadilho bobo de novo) da história, dos conflitos, das batalhas. Depois, parei para pensar com calma: que graça teria se fosse somente isso? E os dramas? E os conflitos não armados, mas emocionais? Isso, com certeza, fica a cargo das mulheres. Sempre. E é isso que tem graça, não é mesmo?
Então, naquele mesmo dia, cheguei em casa, loguei no Submarino e fiz meu boleto lindo e arrasante. Acabou dando R$33,00 com o frete, mas ainda assim, é barato, tendo em vista que, em outros sites, cada livro custa R$36,00. Ô loco, meu.
Os livros chegaram na semana passada, e, desde então, venho devorando, calma e silenciosamente, como uma sacerdotisa de Avalon, cada um deles.
(Olha o excesso de vírgulas aí de novo, rs.)
Uma das coisas que mais me surpeendeu foi a existência da personagem Morgana, que eu, vergonhosamente, era a única do meu círculo cultural-familiar a nunca ter ouvido falar. E agora me parece completamente injusto que a maioria das pessoas menos cultas conheçam a Gwenhyfar bestalhuda e nem tenham ideia (sem acento, novamente) de quem seja a pequena e morena sacerdotisa. Ainda não terminei de ler a série, estou na metade do terceiro livro, mas dói ver a injustiça que rege a vida de Morgana. E a sorte, apesar de não reconhecida, que paira sobre a chatinha da Gwenhyfar.
(Outra pequena nota: Lancelote é Galahad, Artur é Gwydion, quando Gwenhyfar vira Guinevere? Ou não vira?)
Enfim, é isso. Estou lendo, me envolvendo com e amando a série. E insistindo para minha mãe ler junto comigo, como sempre faço quando gosto de um livro, ao passo que ela continua me ignorando. Sofro com isso, amigos, rs.
Assim que terminar o último, pretendo correr na Blockbuster e alugar a adptação cinematográfica, de 2001, com Ajelica (com “j” mesmo) Houston. Espero não confundir, então, com “As Bruxas de Salém”. Hahahaha.